25 de janeiro de 2012

eternel et muet ainsi que la matière


Não será belo senão aquilo que sugere a existência de uma ordem ideal, supraterrestre, harmoniosa, lógica, mas que ao mesmo tempo possui -- como tara de um pecado original -- a gota de veneno, a ponta da incoerência, o grão de areia que perturba o sistema. Ou então, inversamente, será bela toda borra ou todo veneno que uma ínfima gota ideal venha iluminar. Assim, o belo, existindo tão-somente em função do que se destrói e do que sse regenera, mostrar-se-á ora como calmaria devorada pela tempestade em potencial, ora como frenesi que se ordena e tenta conter sob uma máscara impassível sua tormenta interior.

Michel Leiris,
in "Espelho de Tauromaquia"

20 de janeiro de 2012

18 de janeiro de 2012

flamboyant


Flamboyant
é uma palavra bonita
que me lembra algo assim
como um pôr do sol vermelho,
num horizonte vermelho,
de um passado azul
e distante...

o entardecer de um sábado morto,
uma paixão de verão.

o dizer e o pesar

Dispensa
Não diz
Pe(n)sa

17 de janeiro de 2012

le gauche


curva, s.f.

1 - limiar entre a terra e o céu;
2 - sinuosidade entre a neblina e o sol;
3 - caminho torto que molha o hoje;
4 - o equivalente da sombra.

le droite


reta, s.f.

1 - o aquém do desfiladeiro;
2 - o além do desfiladeiro;
3 - o ninguém do desfiladeiro;
4 - o antes, o depois, o mundo inteiro.