31 de agosto de 2009

le revé des âmes morts au dimanche


O dia já nascera um girassol com a cara dela no meio. Gravuras de um russo-francês que flertava com o cubismo encheram o dia de azul, verde, roxo, rosa. Magenta não é rosa. Seulement on Sibérie. Avec la force et l´entusiasme! Dor na coluna de Gógol. Vento ventila a van. Frio, frio, frio. Calor. Frio. Calor, calor. Frio. Açúcar-minus. Quer brincar de cor-de-rosa?, ele disse. É magenta, não é rosa! Brincar de calor faz suar. O verde refresca. Se Deus quisesse que acreditássemos nele apareceria pra mim, Aqui estou!. Se Deus é brincar e brincar é calor e calor esquenta Ele não existe. Ela não existe. O que existe é a flor. O que existe é o beija-flor.

"Então não importa o caminho que você escolha", disse o Gato.
"... contanto que dê em algum lugar", completou Alice.
"Oh, você pode ter certeza que chegará", tranquilizou o Gato,
"se caminhar bastante".

26 de agosto de 2009

um vasto e único dia burguês


O transporte liga dois pontos por algumas horas. Devido ao encolhimento do planeta, decorrente de uma superabundância espacial do presente, linhas são construídas para viabilizar o acesso a esses pontos. No entrecruzamento virtualmente infinito dos destinos as referências se multiplicam por entre as janelas. Meios de transporte tornam-se lugares habitados a partir de uma configuração instantânea de posições, em meio a passagens provisórias e efêmeras. Cada corpo ocupa o seu lugar num mundo prometido à individualidade, perpassa(n)do pela paisagem-texto. Passar. Não parar. Palimpsestos espaço-temporais em que constantemente se reinscreve o jogo da identidade e da relação. A sociedade inorgânica é uma abundância de vazios densamente povoada por tensôes solitárias.


23 de agosto de 2009

the horror... the horror...





A gripe suína, vulgo Influenza A (H1N1), não é só mais uma mutação desse famigerado agente biológico que volta e meia aparece como um dos quatro cavaleiros do apocalipse. Na verdade, isso tudo é parte de um plano maior, arquitetado de forma macabra pela reitoria da uéfiêmigê em conjunto com a CIAiei estadunidense para acabar com o Milharal da FAFICH, lugar de exímia produção (conceito 9 na CAPES) daquela universidade. O vírus foi disseminado no mês de julho, a fim de atrasar as aulas por uma semana em agosto sem causar nenhuma suspeita. Desse modo teriam o álibi necessário para adiantar as obras do Campo Zeta (Zeta Camp) surpreendendo a todos que, encontrando-a pela metade, procastinariam o problema ou nada fariam.

Agora qual será o fim da coruja, símbolo por excelência do saber que reina naquele espaço verde? Mais carros estudarão naquela universidade? Aqueles arames farpados, estão protegendo o que de quem? E o que diabos é o Zeta Camp?

Drop the bomb, terminate them all.

22 de agosto de 2009

Creep

Creep - Radiohead

When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
I wish I was special
You´re so very special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

I don't care if it hurts
I wanna have control
I wanna a perfect body
I wanna a perfect soul
I want you to notice
When I'm not around
You're so very special
I wish I was special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here.

She's running out again
She's running out
She run, run, run, run
Run

Whatever makes you happy
Whatever you want
So very special
I wish I was special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here
I don't belong me

21 de agosto de 2009

Penso, logo me vem uma preguiça para executar o que nem sei


Como disse o meu amigo René, filosofia não surge do nada. Não é de um insight genial que aquela frase sempre citada vai surgir. Filosofia é 90% suor e 10% inspiração. Vide o rascunho acima, retirado do blog do próprio René.

Outros blogs bacanas, ou nem tanto, aqui.

20 de agosto de 2009

Comments ANONYMOUS is ON

Porque quem não quer mostrar o rosto também tem algo luminoso a dizer.

16 de agosto de 2009

conGRADulations!


Mariana, parabéns pela sua formatura! Espero que goste do souvenir imagético-poético-internético.

P.S.: apesar do vinho que faltou e a caipirinha que acabou cedo, o licor de Amarula e o café estavam ótimos!

13 de agosto de 2009

today is gonna be the day


Daqui a algumas horas começa tudo de novo – diferente, espero. Mais um semestre de faculdade, rever as pessoas, os amigos, os conhecidos, os desafetos, as paixões mal resolvidas, a hipocrisia social, as caras novas e, quem sabe, alguém diferente, se possível interessante. "Repetir, repetir – até ficar diferente". Talvez devesse ir menos a faculdade: não me sinto bem naquele lugar, entre aquela gente. Talvez devesse ir mais: conhecer melhor as pessoas, e estudar mais. Talvez não devesse fazer nada disso, e mudar de planeta. Talvez devesse fazer tudo isso: ir mais, indo menos; operando de forma alienígena, alterado, alterando: alter-ação. Ser outro, sendo o mesmo, no lugar de sempre. O passado, bem, já foi tragado pelo tempo, que bateu tudo no liquidificador. Resta beber o que sobrou. Com um pouquinho de açúcar, quem sabe? Ou jogar fora, e bater outro, em outra velocidade, outros sabores. De novo. A vida é um liquidificador. Ou, como disse Bernardo Soares:

Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades. Conhecendo o que tem sido a minha vida até hoje tantas vezes e em tanto o contrário do que eu a desejara , que posso presumir da minha vida de amanhã senão que será o que não presumo, o que não quero, o que me acontece de fora, até através da minha vontade? Nem tenho nada no meu passado que relembre com o desejo inútil de o repetir. Nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim. O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

A idéia inicial não era essa. Contudo, começa a decantar o meu passado triturado, processado e liquidificado. Se eu era, hoje "sou-me". Quem decanta, canta, que seja (n)um canto qualquer, (n)um canto.

Another brick in the wall?
Wonderwall...
 
P.S.: a imagem acima é uma montagem a partir de foto original Personade Thiago Barnabé.

12 de agosto de 2009

holy (in spite of himself) nihilist


Aquilo de que falo é da ausência de buraco, de uma espécie de sofrimento frio e sem imagens, sem sentimento, e que é como um choque indescritível de abortos.                                    (Antonin Artaud em carta a Jacques Rivière)

Para acabar com o julgamento de Deus - Antonin Artaud

11 de agosto de 2009

marengofômpila


Marengofômpila nada. É apenas um vírus fagocitado visto por um espectômetro de massa na lua cheia do mês de abril três meses antes da digestão findar durante seu infarto de miocárdio no Mar Vermelho. Ou seria Amarelo? 

vontade de cabum!

benditos os que não confiam a vida a ninguém


Uma vida sem esperança mas sem desespero. Não se pode esperar muito das pessoas. Não se deve esperar nada delas. Seria injusto para com elas; e frustrante para com nós mesmos. Se nem eles mesmos têm ciência do que estão fazendo, por que pedir para as crianças  pagarem a conta?

Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem.
Lucas 23,34

3 de agosto de 2009

a preguiça do prego


Antes esparramado ao entardecer a dar de cara contra o muro.

2 de agosto de 2009

o progresso é pra lá, ó...


Eixo central de uma ética da necessidade, o ideal de progresso é nada mais que uma noção vazia em si mesma, que busca o novo sem novidade, procurando legitimar-se apenas por ser mais atual, logo mais válida em relação a uma história linear e ascendente. O progresso torna-se rotina. Veja-se a sociedade de consumo: há sempre coisas novas no mercado, requeridas pela própria fisiologia do sistema. A contínua renovação nada tem de “revolucionário” ou perturbador: o novo aqui é o que permite que as coisas prossigam do mesmo modo, uma atualização que permite a sobrevivência do sistema. O mesmo acontece na famigerada onda ecológica. Desenvolvimento sustentável hoje é um eufemismo para sustentabilidade do desenvolvimento. Não se ataca o cerne do problema, a ética da necessidade em que estamos inseridos. A indústria criou novas frentes de consumo, como a das sacolas de pano ou dos alimentos orgânicos ou os carros total flex. A agroindústria que produz soja para alimentar vacas chinesas está aí, firme e forte, enquanto pessoas ainda vivem em condições miseráveis e cada vez mais há mais espaço para carros do que para pessoas nas cidades, grandes e pequenas. E o Ministério do Meio Ambiente, naquela propaganda ridícula, ao invés de incentivar as pessoas a usar ônibus, metrô, andar a pé, de bicicleta ou pedir carona, pede apenas que mantenham o carro regulado!!

A economia está baseada no trabalho, que se baseia na produção, por sua vez baseada na falta. Para que as engrenagens do sistema girem é preciso faltar antes, é preciso que tudo falte; ou que se produza algo “novo” a fim de se superar o antigo, démodé, insuficiente, incompleto. Ética da necessidade, ética da superação. Teodicéia cristã da busca da salvação (a perfeição no céu), odisséia da perfectibilidade intramundana (otimização do presente), a finalidade última do progresso é criar condições pra que ele sempre seja possível no futuro. Tal qual aquelas rodinhas para ramsters. Não há fim. É apenas mais do mesmo.


1 de agosto de 2009

tecnicolor

"Through the window, the nice thing on earth will pass by
Moving slowly"

Os Mutantes - tecnicolor