18 de julho de 2009

amarelo azul vermelho verde





A semana me inspirava amarelo, mas hoje foi vermelho. O dia começou cinza, apesar do friozinho azul lavado, tendendo ao branco. Sábado de julho, véspera de festa do rosário. As cores virão amanhã, pensei. Amanhã, sim, o dia será colorido, matizado, bem saturado. Hoje é a espera, a ante-sala do trono dominical dos reis congos. É quando o tempo tem a cor do vento, quando o vento banha o mundo com seus sais de prata. Qual não foi a minha surpresa quando a tarde azulou amarela? Digo amarela, embora queira dizer vermelha: sim, a tarde avermelhou-se sutilmente, partindo do branco, chegando de clarinho luminosa ao âmbar e aquiescendo ao aconchego da terra pouco antes do anoitecer. É a hora do dia mais perigosa, dizem. É quando "todos os gatos são pardos" segundo o ditado. Pois é nessa hora que o dia encontra a noite, que o sagrado e o profano se tocam igualando todos num só perfil. Hora proibida. O mundo por um instante fica indiferenciável. Rubramente indiferenciável. Somos sombras, constatamos; e podemos nos misturar.


A estrela chorou rosa, há muito tempo atrás. Hoje, bem cedo, ela sorriu vermelho.

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