11 de julho de 2009

amor, amar, atar, ator

Eles se conheciam há pouco, mas a atração fora mútua. Sempre que se encontravam, um flerte. Um comentário sutil, ambíguo, buscando a certeza do mesmo sentimento, recíproco, no olhar um do outro. Um dia, enfim, aconteceu. Ela ficou estranha, afastou-se. Ele quis saber se poderiam se ver de novo. Ela disse que não. Ele quis saber qual o problema.

Ela disse a ele que Lígia, do Tom...

...então ele disse a ela que Atrás da Porta, do Chico.

VI

Lembra-te que há um querer doloroso
E de fastio a que chamam de amor.
E outro de tulipas e de espelhos
Licensioso, indigno, a que chamam desejo.
Não caminhar um descaminho, um arrastar-se
Em direção aos ventos, aos açoites
E um único extraordináro turbilhão.
Por que me queres sempre nos espelhos
Naquele descaminhar, no pó dos impossíveis
Se só me quero viva nas tuas veias?

(HILDA HILST, Do Desejo)

Nenhum comentário: