8 de julho de 2009

les monades


Em seu Discurso de Metafísica, Leibniz nos fornece a noção de substância individual que mais tarde desenvolveria sob o conceito de mônada, em especial n´Os princípios da filosofia ou A monadologia . Partindo da res cogitans de Descartes, a substância pensante que distingue o sujeito como agente da ação – se eu penso, logo eu existo –, o filósofo alemão vai romper com o dualismo cartesiano ao rejeitar a substância material (res extensa), sendo cada mônada única na sua essência e na sua forma. Assim temos não duas substâncias completamente diferentes e incomunicáveis que compõem o mundo, mas uma variedade delas que enquanto unidades simples contêm a multiplicidade do universo.

Cada mônada é uma perspectiva de Deus do universo, sendo Deus o grau supremo da perfeição. Toda substância é como o mundo inteiro, contém o mundo inteiro de determinado ponto de vista. Mas essa percepção do mundo se mostra em diferentes graus em cada uma. Assim, as mônadas distinguem-se segundo diferentes níveis de percepção do universo. Quanto mais perfeita, mais atribui-se ação a ela, pois mais percepções claras e distintas ela têm; ao contrário, quanto mais imperfeita, mais percepções confusas e obscuras do mundo, e portanto padece. Vale dizer que essas percepções são percepções de si, com diferentes graus de clareza em relação ao universo que contêm. As mônadas não se comunicam, "não têm janelas". Assim, para Leibniz, “uma criatura é mais perfeita que outra quando se encontra nela o que serve para dar a razão a priori do que se passa na outra, e por isso se diz que age sobre a outra”, ou seja, o que cada mônada percebe o faz internamente. Contudo, devido a uma harmonia pré-estabelecida do mundo, cria-se uma ilusão de causação.

Quem nunca pensou na seguinte hipótese, ao menos nas aulas de física do segundo grau:

Se fosse possível conhecer a posição, a velocidade e a direção de todas as partículas sub-atômicas do universo (supondo que conhecêssemos as elementares, já que todo dia se descobre uma), saberíamos onde estariam num determinado instante t. Não podemos fazer isso, pois quanto mais temos precisão na informação sobre a velocidade da partícula, menos temos sobre sua posição (segundo minha física de segundo grau). Mas pensemos apenas na hipotése teórica, não na (im)possibilidade instrumental. Se assim é, num tempo onde o social (ele agiu diferente) é explicado pela psicologia (ele é doido) que é explicada pela biologia (a transmissão sináptica foi falha) que é explicada pela química (faltou serotonina) que é explicada pela física (o receptor estava com a polarização invertida), então teríamos um futuro pré-determinado?! Na verdade sim, mas isso não tolheria nossa liberdade para Leibniz. Os nossos atos seriam certos, mas não necessários. É um pouco aquela história de se pudessemos voltar atrás faríamos a mesma coisa, tomaríamos a mesma decisão. Liberdade não é ser indiferente quanto às escolhas, mas sim não haver coerção externa (algo que obrigue, que impeça de ser o contrário) que nos leve a isto e não àquilo.

O melhor mesmo é não padecer.

Algumas notas sobre Leibniz, pra quem se interessar.

Um comentário:

lepapillon disse...

Enfim, um post q se possa ler...